quarta-feira, 22 de maio de 2013

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

AS LENTES QUE DÃO FOCO AO MUNDO

O século XX foi cenário de grandes guerras, de construção da democracia burguesa e do Estado de bem-estar social, proporcionando a satisfação parcial dos anseios da população – voto das mulheres, direitos políticos e civis, direitos trabalhistas etc. –, que promoveram a participação política e deram suporte ao funcionamento da sociedade civil. E por meio deste século a globalização da economia ganhou espaço para se instaurar promovendo um cenário adequado para o novo século XXI. Segundo Gramsci, a política moderna está pautada em um critério de poder que se consolida em função do domínio do homem sobre o homem, e ainda, do homem sobre a natureza, cuja força permite seduzir e formar comportamentos.

Ao chegar ao poder, independente de quem seja, para que se “bem governe” deve levar em consideração todas as forças que estão em vigor, para que o outro tenha confiança e para que aqueles que se opõem sejam convencidos. É nesse âmbito que entra o adágio “saber é poder”. Segundo Bianchetti (2001), esta máxima não é mais novidade, mas sim “[...] o reconhecimento do papel desempenhado pela informação e de que já se produziu consenso a respeito da necessidade de possuí-la, bem como dominar os meios de produzi-la e veiculá-la.”, ou seja, a grande premissa é o fato de detê-la ou não, a qual garante o “status de cidadão da nova sociedade do conhecimento”.

A sociedade da informação nunca vivenciou a diversidade de possibilidades técnicas, como atualmente, porém, está cada vez mais difícil de retirá-la do abismo das impossibilidades políticas. A sociedade, apesar do grande potencial tecnológico, não está sendo informatizada de maneira democrática, em um sentido que possa ser aplicado socialmente. Isto ocorre, principalmente, pela metamorfose por qual o homem massa – indivíduo que não possui um valor próprio, é igual a qualquer outro individuo –, passou, ou seja, de cidadão para consumidor.

Essa massificação do indivíduo está intrinsecamente relacionada com o artigo, “De Bonner para Homer” do Laurindo Leal, no qual o jornalista relata a maneira como ô ancora do Jornal Nacional, Willian Bonner, se refere ao telespectador, Homer Simpson, justificando o apelido pelo fato do mesmo não compreender “notícias complexas”, melhor dizendo, notícias de alguma relevância para a nação, levando ao ar um jornalismo mórbido, em que a informação é veiculada apenas pelos resultados que proporciona. As notícias que o Homer não “entenderia” não iriam render os pontos de audiência como as matérias que foram ao ar sensibilizando os telespectadores.

Em geral, as notícias que a mídia brasileira veicula são, em sua grande maioria, apenas fatos, sendo esses completamente isolados das causas, o que compromete a interpretação do telespectador, ouvinte ou leitor, o que não é problema, já que o objetivo delas é devidamente alcançado, produzir uma única e errônea visão de mundo.

O artigo do jornalista Laurindo, os vídeos exibidos em sala do Jorge Furtado e do Intervozes, me trouxeram à lembrança a obra de George Orwell, 1984, que narra a história de Winston Smith, que trabalha no Ministério da Verdade, e a função dele é alterar os dados históricos, ou qualquer notícia que será veiculada de acordo com os interesses do partido. O livro aborda um sistema político que vigia os indivíduos por meio da polícia do pensamento e de um idioma totalitário, completamente reduzido, que tornaria o pensamento das pessoas homogêneo, o que impediria a expressão de pensamentos contrários ao do Estado – conduzido por um único individuo, O Big Brother.

George Orwell trabalha a ideia de que o objetivo do Estado é suprimir a individualidade dos cidadãos e assim fazer com que esses dediquem suas vidas exclusivamente aos interesses do Partido. Aquele que fosse contra as vontades deste, seria acusado de cometer ‘Crimidéia’ – ideias contrárias as do partido –, portanto, são ameaças para a sociedade. Episódio este que faz uma ponte com o vídeo “Levante a sua voz - a verdadeira história da mídia brasileira.”

A pomposa “ficção” das teletelas – uma televisão que transmite e capta som e imagem –, instaladas em todos os lares e locais públicos para transmitires a ideologia do partido. O livro escrito em 1948, prevendo um futuro baseado no presente da sociedade da época, não está muito distante da nossa realidade. No livro, “Discurso da Servidão Voluntária”, Étienne de la Boétie levanta um questionamento sobre o motivo de tantos homens e nações inteiras se submeterem a tirania um só indivíduo sem que brote no coração uma revolta. Ela constata que não há justificativa para tal fato, se não uma espécie de fascínio ou encantamento que enfeitice os homens de tal modo que se sujeitem sem se lamentar à vontade de um só. O que sustenta a estrutura de poder e de sua aceitação sem questionamento é a ambição ardente de fazer bens, riquezas e prestígios, que a mídia não para de oferecer.

Voltando as possibilidades, temos ainda as possibilidades de controle social, compreendendo que o educador principal é o Estado, tais possibilidades são bem grandes. Assim como na obra de Orwell, o Estado é o primeiro a desejar controlar a sociedade e é por meio dos meios de comunicação que ele pode alcançar esse feito. José Saramago, afirma que hoje estamos muito próximos da caverna de Platão; a sociedade está enxergando a realidade por meio de imagens da realidade, ou seja, enxergamos as sombras e acreditamos que são reais. Desse modo, temos pessoas vivendo aprisionadas na caverna de Platão, vendo sombras e acreditando que essas são a realidade. Isto se tornou possível, por meio das enxurradas de possibilidades técnicas que abrem espaços para as possibilidades de controle social.

As palavras de Eugen Bavcar dialogam diretamente com um texto de Umberto Eco que aborda mais especificamente sobre A diferença entre livro e filme, neste Eco traz à tona – com o exemplo de Educação sentimental, de Flaubert – o fato de no livro autor não dizer para onde o protagonista viaja e nem que paisagem ele enxerga, deixa por conta da imaginação do leitor. Eco se coloca da seguinte forma, “[...] espera-se que a indeterminação e a reticência do trecho mencionado sejam respeitadas, ao passo que num filme, seja lá como for, os navios a vapor têm de ser mostrados, assim como as paisagens, as tendas, e os tons que a melancolia da personagem assume.” Na visão do leitor, as aspas e as reticências permanecem de acordo com o próprio imaginário, sempre respeitando o espírito da narrativa, enquanto a óptica do telespectador já vem pronta, sem imaginários próprios e sim do diretor, pois o filme sempre diz algo mais, algo “exato”, “traduzido”, que não é pormenorizado no livro.

O autor reforça essa idéia da leitura do telespectador e do leitor, enquanto este traz suas interpretações somadas ao que foi dito pelo escritor, aquele traz interpretações alheias, feitas e preparadas por outro. Umberto Eco exemplifica com Retrato de uma senhora, o livro fala de uma mulher mais bela que uma obra de arte, enquanto o filme traduz essa mulher com o rosto de Nicole Kdman, anulando todas as evocações que podem ser feitas pelo leitor. Eco, assim como Bavcar, revela que os filmes e a televisão tem nos poupado de tal modo que não dá mais para nos inserir neles, eles já vêm prontos, fechados. “Não vemos exclusivamente com os olhos”, é com essas palavras do cineasta Win Wenders que encerro minhas palavras, acreditando que o “mundo está fora de foco ou eu”.

domingo, 22 de agosto de 2010

Cur?

Hoje estou triste
Triste pra chuchu
Eu nunca me encontro
Vou para o norte
vou para o sul

Mas quando me vejo sem saída
Olho para o céu azul
Vejo um pontinho preto
Já sei que é um urubu
Voando sobre minha cabeça
Percebo que estou nu
Bica-me a bunda
Bica-me o cu
Cur?

domingo, 16 de maio de 2010

Ser di-verso

Quem somos?
A gente nunca é,
A gente somos
Um ser di-verso.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Série Filosofia de Boteco: não-lugar

"O que é um não-lugar? È um lugar que não é lugar. É um lugar que há, porém não há lugar. Mas para ser um lugar, logo ele precisa ser um lugar, entretanto, como ele é um não-lugar, ele não é. Isso implica dizer que o não-lugar não é um lugar que não há lugar, porque ele não é lugar e aquilo que não é não pode conter algo pois não existe. Portanto, o não-lugar não é um lugar que não há lugar. Sendo um não-lugar sem lugar, já que não há lugar, há espaço mas não há lugar, portanto é lugar nehum mesmo não deixando de ser lugar, pois se existe e está ali é porque há, mesmo não sendo. O não-lugar é mero devaneio." B.N Bachelard

Coração Em Devaneios

A minha cabeça
Se perde em devaneios
Que os outros não compreendem
Ao mesmo tempo que
Estou aqui
É o momento que
Estou lá
Naquele lugar

Pensamentos iluminam
Minha mente fértil
Gerar sua imagem
Produz som estéreo

Um som bem louco
Uma coisa legal
Sentidos fortes
O Rei e a Rainha
O atum e a sardinha

(Michel Fontoura e Bruna Lopes)